sábado, 29 de novembro de 2008

Teologia da Prosperidade e calamidades

A Teologia da Prosperidade está tomando rumos aviltantes, sem que ao menos seus pregadores desconfiem de que algo esteja errado com ela.

Fui a um culto em nossa igreja esta semana em que a "pregação", de aproximadamente quarenta minutos, ressaltou a Teologia da Prosperidade do começo ao fim - claro que o pregador não utilizou esta nomenclatura. Não se falou em graça, cruz, renúncia, arrependimento, perdão e outros valores tão preciosos do cristianismo. Nem mesmo se falou em Cristo, falou-se de Deus como uma entidade à serviço do homem para satisfazer-lhe os caprichos. O pregador lançou mão da insatisfação humana (só satisfeita em Deus) para trocá-la por bens materiais nomináveis. Até este ponto a história coincide com o que os leitores já sabem, pois já ouviram este tipo de mensagem.

O problema deste episódio reside no fato de que esta pregação, paradoxalmente, aconteceu ao mesmo tempo em que muitos irmãos estavam com suas casas inundadas, perderam a maioria ou todos os seus móveis, carros, bens de valor emocional, familiares, casa e alguns até mesmo o terreno onde a casa estava em cima, ou seja, literal e figuradamente ficaram sem chão.

Como explicar a estes flagelados que a Teologia da Prosperidade não dá certo nestas circunstâncias? Que tipo de conforto ela traz para aqueles que esta teologia desceu ladeira abaixo enterrando-se na lama suja? Esta catástrofe não é um grande alerta de que esta teologia serve ao deus dinheiro e não ao Deus verdadeiro? Até quando nossos púlpitos serão tomados por esta teologia que distrai o povo daquilo que o Deus verdadeiro está dizendo?

Jesus mesmo admitiu que no caração humano pode haver um deus disputando em pé de igualdade com Deus, Ele o chamou de Mamon (dinheiro, riquezas). Se Jesus estava certo, e provavelmente estava (exceto para a Teologia da Prosperidade), então um novo deus está orientando nossos pregadores: está ungindo-os com seu poder de compra, inspirando-os com seu conforto, fazendo arder seus corações com sua segurança e enriquecendo-os com ofertas e a venda de CD's, DVD's e ainda, o pregador acima mencionado, ofereceu até um CD pirata com livros. Eles são criativos e ousados e legitimam suas mensagens com profecias e revelações convincentes, assim estão tentando "enganar até os escolhidos" (Mt 24.24).

O triste desta situação é que estão convencidos de que falam em nome do Deus verdadeiro e conseguem convencer a muitos. Será que já não fomos cobertos e afogados pela avalanche da prosperidade a tal ponto de estar soterrados e sem forças para reagir? Já percebemos que Teologia da Prosperidade rima com calamidade?

Somente um resgate vindo do céu poderá nos tirar deste vale em que estamos ilhados!

Para enriquecer a compreensão recomendo comparar os dois vídeos abaixo:

http://br.youtube.com/watch?v=PhXFz89BOmw

http://br.youtube.com/watch?v=0AiwafSyNk8&feature=related

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Reforma e pentecostalismo

Só existe pentecostalismo porque existiu reforma.

A comunidade acadêmica do CEEDUC está refletindo esta semana no Forum de Pentecostalidade e Reforma (27 a 31/10/2008) sobre "Convergências e tensões de uma busca comum", assim na primeira noite surgiu uma pérola poética que transcrevo abaixo, de autoria de nossa secretaria Andréa Nogueira.

Tensões e convergências, dúvidas e convicções,
somos apenas seres humanos buscando algo.
Há 491 anos, um homem se levanta, ou é levantado.
E questiona. Pois buscava algo,
algo que ao invés de fechar,
abriria as portas do céu para o branco e o negro,
para o homem e para a mulher, para o culto e iletrado.
Algo que realmente fosse a liberdade,
mas uma liberdade que não precisasse ser comprada,
liberdade na realidade imerecida, mas contudo doada.
31 de outubro de 1517, dia em que através de Lutero
nasce a Reforma Protestante.
A liberdade do pensamento que agora converge na direção do Espírito.
Do Espírito Santo!
Que no dia de pentecostes encheu toda a casa;
Espírito Santo que levanta William Seymour
e que faz o mundo conhecer um lugar
até então sem prestígio chamado Rua Azuza;
Espírito Santo que comissiona dois suecos
para trazer ao nosso país
o movimento que revolucionaria o cristianismo em terras brasileiras.
Protestantes e pentecostais, grupos diferentes, caminhos diferentes,
mas que convergem para o mesmo lugar,
o mesmo objetivo: anunciar o Reino, viver o Reino
e esperar pelo Rei do Reino.
Talvez trilhemos caminhos diferentes por toda nossa existência,
mas tendo a convicção de que o mesmo alvo será alcançado.

Andréa Nogueira

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Existe graça na política atual?

A história da igreja evangélica em Joinville, em relação à política, tem sido de uma atuação incipiente nos últimos pleitos. Candidatos oficialmente apoiados não se elegem, enquanto os não apoiados conseguem seu espaço, ocasionando assim constrangimentos. Não seria isto um prenúncio profético da própria igreja quanto a atuação política dela mesma?

Existem suspeitas para isto que poderiam ser timidamente apontadas como:
1. A corrupção praticada por boa parte de autoridades eleitas, assim a igreja estaria conivente com isto;
2. O desvio da função pastoral e eclesial durante as campanhas, com desvio de foco ministerial;
3. A grande força exercida pela igreja, desperdiçando sua energia durante as eleições de seu foco principal;
4. O desvio de foco de outras atividades e funções importantes da igreja, como ser instrumento profético, atendimento aos pobres e educação, que também são tarefas da igreja conforme Mt 28.20, Lc 4.18.

Qual deveria a postura da igreja? Duas, ao menos, que se fundem uma com a outra:
1. Instrumento de justiça de Deus na terra, fazendo propostas aos políticos em relação à saúde, educação, moradia, erradicação da pobreza e dificuldades de acesso a cidadania plena;
2. Ser voz profética desmascarando a omissão acima descrita e ainda apontando a corrupção reinante.

Com posturas diferentes desta, perde-se a autoridade de Deus que João Batista excerceu sobre Herodes, desmascarando seu pecado e como Jesus, chamando-o de raposa. No afã de conseguir autoridade política, perde-se a autoridade profética. Se não for assim acabamos concordando com os erros da atual forma de gerir recursos públicos (sabe-se que 30% das verbas públicas são desviadas no Brasil).

Estas são apenas algumas considerações que julguei pertinentes nesta hora em que se pergunta pelos porquês.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Dependurar-se na cruz e depender da graça

A sociedade e que vivemos sugere de inúmeras formas que o caminho a seguir é ascendente. Chegue ao topo, esteja sob os holofotes, quebre o recorde - é isso que chama atenção e nos leva a primeira página do jornal, oferecendo as recompesas do dinheiro e da fama. A nossa cultura valoriza a "mobilidade ascendente": seguir um caminho seguro na carreira, manter o status quo, parecer interessante aos outros, ser bem-sucedido nos negócios, na política, nos esportes, no mundo acadêmico ou até mesmo na prática espiritual.
[Porém], quando estou na presença do Senhor com mãos vazias, como um servo sem serventia, conscientizo-me da minha dependência básica e da minha profunda necessidade de graça. A oração me ajuda a romper a pretensão de plenitude e "auto-suficiência". Convida-me a me ajoelhar, fechar os olhos e estender os braços. Em oração, ouço a voz de Deus me chamando para ir em frente. Encontro meu caminho para casa, descubro a minha vocação para cuidar e ser cuidado em comunidade.

NOUWEN, Henri. Direção espiritual. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 175,180.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A graça do amor

Aprecio a forma como Brennan Manning fala do amor de Deus neste vídeo. Lança sobre a cruz toda maneira legalista de ser cristão e promove a maravilhosa graça.

http://www.youtube.com/watch?v=mxwkSqUarow&eurl=http://pavablog.blogspot.com/2008/03/maltrapilhos.html

terça-feira, 22 de abril de 2008

A graça na família

A mídia não se ocupa mais de outra coisa a não ser do caso Izabella. Quase perdeu o foco da corrupção, violência, justiça e, as vezes, bem informar. Este caso dantesco ocupa mentes e corações de todas as famílias no Brasil, quem é pai não acredita que outro pai poderia fazer isto, quem é filho/a deve desconfiar agora de seu pai. Estas são algumas das mensagens ocultas.
Está evidente que há uma clara armação satânica contra a instituição casamento/família. A mídia está servindo a este propósito para divulgar o que há de mais macabro na alma humana: matar o próprio sangue e assim ir morrendo junto e fazer morrer também a solidez (já pouca) da família brasileira.
Afinal, onde estamos nós (sal da terra, luz do mundo, voz profética) para denunciar e ajuntar as Izabella's que são constantemente jogadas pelas janelas da paternidade para o chão duro da frieza e indiferença familiar e afetiva?
Será que elas sobreviverão? Somente na UTI da graça!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Porque Cruz e Graça!

Para os cristãos que procuram encontrar um ponto de equilíbrio entre Lei e Evangelho, entender a cruz e a graça se faz necessário. Por isso, este blog se tornará um ponto de encontro para quem está no caminho da graça sem prescindir da cruz, bem como daqueles que ao carregarem sua cruz não abrem mão do caminho da graça. Se tornará também um lugar onde curiosos deste assunto poderão "pitacar" sobre a teologia da cruz e a teologia da graça. E para aqueles que já vivem nesta tensão, espera-se que possam contribuir para o enriquecimento deste blog, porque eu facilmente me desequilibro e preciso de uma rede de irmãos para que eu não caia, nem da graça e nem da cruz.

Bonno Vox com graça

http://br.youtube.com/watch?v=B3wpkqSIP38

É incrível como ele conseguiu captar o que é graça, com uma graça poucas vezes compreendida. Os pentecostais diriam: "É a mula falando."

Em busca da verdadeira espiritualidade

Espiritualidade não pode ser confundida com ascetismo, carisma, dons ou qualquer forma de ostentação exterior. Porém, parte da vivência e imitação da mesma beleza da pessoa de Cristo (2Co 3.18), numa intimidade e amizade transformadora com Ele.

A espiritualidade cristã autêntica, sempre será precedida pelo milagre do novo nascimento como condição básica de um relacionamento saudável consigo mesmo, com o próximo e com Deus.

1. Eu
Estar bem consigo mesmo/a é uma das maiores buscas do ser humano, para isto, várias técnicas são desenvolvidas pela ciência para que isto ocorra, no entanto, o bem estar autêntico somente é alcançado com um coração quebrantado e apegado ao Senhor e à sua Palavra numa comunhão íntima. É estar livre das amarras do pecado experimentando cura substancial dos pensamentos, da consciência, de problemas psicológicos e dos relacionamentos.

2. O outro (o próximo)
Um dos maiores tesouros que a raça humana perdeu com a queda foi a capacidade de amar plenamente seu semelhante. Esta era a essência do Jardim do Édem. Ira, rancor, ódio e vingança passaram a fazer parte dos relacionamentos, alienando-se assim do seu semelhante. O reviver da espiritualidade perdida no Édem nos chama a amar incondicionalmente, entregando-se sem reservas ao outro e repartindo o que pode ser compartilhado.

3. Deus
Partindo do fato concreto de que o relacionamento existente entre Deus Pai e Deus Filho não é apenas um conceito teológico da trindade, o cristão deve se apropriar da verdade de que é um filho amado do Pai cuidadoso e que pode desfrutar de toda herança que Ele proveu (Lc 15.31), vivendo assim em confiança, contentamento e gratidão.

4. O amor e a cobiça
O primeiro mandamento remete a amar a Deus acima de todas as coisas, o segundo a amar o próximo como a nós mesmos, quando se nega esta vivência está-se incorrendo contra o décimo mandamento, “não cobiçarás”. Está-se desejando para si mesmo o que pertence a Deus (glória, poder, soberania) e ao outro (os mesmos direitos).

5. Como é a espiritualidade pentecostal?
A espiritualidade pentecostal sempre prezou por um relacionamento pessoal com Deus. Valoriza-se a oração, o jejum, a leitura da Bíblia, a obediência e a manifestação de dons espirituais.

Sua característica principal é a oralidade, ou seja, é prioritariamente expressa pela fala, valorizando assim a cultura oral, normalmente presente entre comunidades pobres. Desta forma vê-se o agir de Deus proporcionando inclusão a pessoas que não têm acesso a cultura escrita.

6. Como deveria ser a verdadeira espiritualidade
Ser mais afetiva e menos utilitarista;
Ser mais contemplativa e menos sensacionalista (Sl 131.1-2);
Ser mais inclusivista e menos intimista;
Ser mais humilde diante do ministério divino e menos arrogante achando que sabe tudo sobre Deus[2];
Ser mais reflexiva e menos irracional;
Ser mais tradicional/inovadora e menos tradicionalista;
Ser mais centrada em Cristo e menos humanista;
Ser mais pietista e menos hedonista;
Ser mais ética e menos estética;
Ser mais realista e menos triunfalista;
Ser mais relacional e menos ativista.

[2] SUNG, Jung Mo. Educar para reencantar a vida. Petrópolis: Vozes, 2006. p. 153.