quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Neste Natal eu vi Jesus

Como geralmente fazemos no natal, nossa família gosta de passar com nossos grandes amigos Pr. Moisés, Sélia e família e com as crianças do Lar Joao 3.16, que abriga crianças em situação de risco social, que sofreram maus tratos, abusos, tem pais irresponsáveis ou são órfãs. Desta forma nos lembramos que Jesus ao morrer abdicou de sua filiação (“porque me abandonaste”) e se tornou como uma destas crianças.

Dois casais de funcionários estavam fora do Lar por motivos de saúde e descanso e as tarefas todas, que diríamos mais humildes, estavam sendo feitas somente pelo Moisés e sua família, desta forma coube a eles limpar a casa, lavar, dar banho nas crianças, trocar fraldas e todas as tarefas inerentes a este trabalho árduo com 28 crianças, desde bebês até 12 anos.

Na manhã do dia 25 de dezembro, quando cheguei cedinho ao Lar me deparei com uma cena que me encantou muito por eu ter visto Jesus nela. O Moisés estava cortando as unhas das mãos e dos pés dos meninos de uma das casas, com grande amor e naturalidade, como se isto fosse a tarefa mais nobre que ele poderia estar fazendo.

Ao refletir sobre esta cena, me veio a mente a diaconia de Jesus, ele lavando os pés dos discípulos e os servindo, não só a eles mas também a muitas outras pessoas, em diversas maneiras e ocasiões, se compadecendo da fragilidade das pessoas para lhes ajudar.

O que vemos hoje em muitas igrejas e lideres espirituais se aproveitando da fragilidade das pessoas para lhes vender as indulgências de um evangelho água com açúcar, que não conforta de fato, mas que promete a solução de todas as coisas aqui e agora bem como a prosperidade total. Isto para não falar dos que vivem escandalosamente em luxo e conforto inversamente proporcional a fraqueza, em todos os sentidos, dos que por eles são “cuidados”.

Cabe-nos olhar para o que Jesus fez e para os que ainda o imitam, para que nosso cristianismo seja de diaconia e entrega total pelos mais fracos, fragilizados, incapazes, doentes, dementes, pobres, marginalizados, ou seja, os frágeis a partir de condições biológicas, sociais, climáticas, políticas, psicológicas, enfim, aqueles que estão no abismo, mas ao alcance daqueles a quem Jesus chamou para servir: eu e você, mesmo que nós mesmos muitas vezes também estejamos fragilizados.

Somente assim Jesus será visto por todos os homens, quando encarnarmos sua diaconia e torná-la nossa como um estilo de vida.

sábado, 24 de julho de 2010

A escatologia conspiratória Illuminati

Causa espanto, admiração e mistério o que se diz sobre os Illuminati. Foi fundada pelo filósofo alemão Adam Weinshaupt, como uma ordem secreta que remonta a 1776 (1) e durou pouco mais de uma dezena de anos, mas foi o suficiente para povoar cultural e lendariamente o imaginário popular.
Uma de suas ressurreições mais recentes acontece no filme Anjos e Demônios, baseado no livro de mesmo nome do autor Dan Brawn, na ficção eles ressurgem das sombras lutando contra a Igreja Católica. Nesta mesma linha de teorias da conspiração surgiram anteriormente a obra de Dan Brawn, os livros “Protocolos dos sábios de Sião”, provavelmente por Serguei Nilus e “Os conquistadores do mundo” de Louis Marschalko.
Especialmente a obra de Dan Brawn realimentou a terrível teoria da conspiração de que os Illuminati estão ainda ativos e maquinaram os principais acontecimentos históricos desde então e lutam para controlar todas as coisas no mundo.
Como cristãos será que podemos acreditar nestas teorias? Há respaldo bíblico para isto?
A Bíblia afirma com muita clareza que “já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora.” (2). Afirma também que o mal tomaria proporções gigantescas e muitas coisas precederiam a volta de Cristo. Desta maneira sabemos que existe de fato uma “conspiração” divinamente permitida que subverterá o mundo. Porém afirmar que estamos sendo governados e manipulados por uma ordem mundial ou por uma teoria da conspiração é absolutamente contrário ao princípio de governo absoluto de Deus e ao seu domínio e controle sobre todas as coisas. Deus estaria sendo enganado?
O autor dos vídeos que hora alimentam a ingenuidade de cristãos sinceros, é quase um lunático. Ele alimenta o desejo humano por mistério e misticismo, dizendo meias-verdades, enganando e tentando convencer a todos com imagens de internet, algumas falsificadas, fotos de origem duvidosa, afirmações triunfalistas de líderes mundiais tiradas fora de seu contexto. Para dar um ar de profundidade, desautoriza a veiculação para menores de 12 anos. Para dar autoridade ao seu ensinamento utiliza versículos bíblicos, fora do contexto para o qual se aplicam. Se contradiz algumas vezes ora atribuindo eventos aos Illuminati, ora às 13 famílias que comandam os governos e cidadãos do mundo, ora aos Bilderberg e outras vezes diz são a mesma coisa.
Sabemos que Deus controla todas as coisas, porém se a idéia dos Illuminati fosse verdadeira, Deus está sem controle de todas as coisas e nós cristãos estamos perdidos ao estarmos entregues a estes conspiradores. Isto não é evangelho de libertação, é gerar medo e desespero em mentes incautas. A outros acaba gerando fascínio, levados pela esperteza do autor do vídeo.
O evangelho é tão simples, a escatologia bíblica é tão clara quanto a vinda de Jesus, porque a necessidade de ficar especulando, tentando montar um quebra-cabeças que somente Deus sabe como funciona!?
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema.” (3)
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1 SZKLARZ, Eduardo. Illuminati: os soldados da Nova Ordem. Disponível em: http://super.abril.com.br/cultura/illuminati-soldados-nova-ordem-447849.shtml. Acesso em 24 jul 2010.
2 1 João 2.18
3 Gálatas 1.8.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O poder da e na igreja

Martin Luther King Jr
"Houve um tempo em que a igreja era bastante poderosa – no tempo em que os primeiros cristãos regozijavam-se por ser considerados dignos de ter sofrido por aquilo em que acreditavam. Naqueles dias, a igreja não era apenas um termômetro que registrava as idéias e princípios da opinião pública; era um termostato que transformava os costumes da sociedade. Quando os primeiros cristãos entravam em uma cidade, as pessoas no poder ficavam transtornadas e imediatamente buscavam condenar os cristãos por serem “perturbadores da paz” e “forasteiros agitadores”. Mas os cristãos prosseguiam, com a convicção de que eram “uma colônia do céu”, que devia obediência a Deus e não ao homem. Pequenos em número, eram grandes em compromisso. Eles eram intoxicados demais por Deus para serem “astronomicamente intimidados”. Com seu esforço e exemplo, puseram um fim em maldades antigas como o infanticídio e duelos de gladiadores. As coisas são diferentes agora. Com tanta frequência a igreja contemporânea é uma voz fraca, ineficaz com um som incerto. Com tanta frequência é uma arquidefensora do status quo. Longe de se sentir transtornada pela presença da igreja, a estrutura do poder da comunidade normal é confortada pela sanção silenciosa – e com frequência sonora – da igreja das coisas tais como são.Mas o julgamento de Deus pesa sobre a igreja como nunca pesou. Se a igreja atual não recuperar o espírito de sacrifício da igreja primitiva, perderá sua autenticidade, será privada da lealdade de milhões e será descartada como um clube social irrelevante com nenhum significado..."

Igrejas evangelásticas

Sérgio Pavarini
No meio missionário, há anos que ouço o termo “números evangelásticos” para se referir aos exageros cometidos ao relatar o resultado de uma campanha evangelística. Tinha 100 pessoas, mas o relatório diz que tinha 250… 500 ou 1000! Convivendo com pastores, cansei de ouvir relatórios mentirosos de suas igrejas, exagerando o número de membros, freqüência de cultos, batismos, etc. Acabei de acessar o site de uma igreja, e um vídeo anunciando um evento tinha um narrador com uma voz “poderosa”, cheia de eco e efeitos, como se o recado viesse do além. Até mesmo um artigo sobre o relatório de estatísticas de acesso na internet denunciava como alguns marqueteiros mentem sobre o números de acesso/visitantes, divulgando, na verdade, o número de hits em seus sites (geralmente 10 vezes maior do que o número real de visitantes).
Recentemente estava ouvindo uma entrevista com Eugene Peterson e percebi que esse parece ser um fenômeno global. Ele falava sobre seu primeiro pastorado e sobre como os pastores mentiam em seus relatórios nas convenções. Há trinta anos George Verwer falava sobre a mentira do exagero, essa tendência de aumentar os números/estatísticas (ou simplesmente dizer que fez jejum, leu a Bíblia e orou, quando não fez nada disso), como um sinal de pseudodiscipulado. O que me parece é que a pressão para ser bem sucedido, relevante e atrativo pode se tornar uma armadilha, levando a tais exageros e mentiras. Ou fazer o que Bomfim apontou em sua postagem: usar um Photoshop para dar uma imagem cool na igreja/ministério, eliminando suas celulites.
Creio que o marketing mal utilizado (mentiroso) pode ser um reflexo desse Cristianismo APC. Mente-se para atrair, crescer, ser bem sucedido. Mente-se porque se propaga algo que não é verdadeiro, algo ilusório, superficial. A imagem é bonita, mas não há substância por trás da mesma. Atrai pessoas, vira notícia, causa toda a impressão de ser um sucesso. E como o sucesso vicia, então é preciso continuar mentindo para mantê-lo a qualquer custo. Com o passar do tempo, os resultados geralmente são catastróficos.
Que Deus nos ajude a nos livrar de toda e qualquer mentira sobre nós mesmos e nossas igrejas, a buscar a honestidade e realidade no modo como nos apresentamos aos outros (seja na internet ou de qualquer outro modo) e, acima de tudo, encontrar a liberdade para ser quem Deus nos chamou para ser, livres da necessidade de ficar nos comparando com esse ou aquele ministério ou igreja.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Da repugnância ao reconhecimento

Sob a música de Regis Danesi Faz um milagre em mim, que toca em todas as rádios do país, fazendo com que o sacro invada o profano e o profano o sacro, foi encerrada a justa homenagem com que a Câmara de Vereadores de Joinville (SC), antecipou a comemoração dos 100 anos da Assembleia de Deus no Brasil.
Desta forma se evidencia o que já se percebe a muitos anos, de que a maior igreja evangélica do Brasil tem sido reconhecida pelo brilhante trabalho em várias áreas da sociedade, especialmente em Joinville com missões, comunicação, ação social, educação e cultura.
No passado, sob grande perseguição, nossos desbravadores sofreram privações e sofrimentos, para pregar o evangelho preferecialmente à classe menos favorecida. Estudos revelam que o início foi com gente pobre e simples, mas que experimentaram o calor da presença de Deus. Isto os moveu para ganharem o país e o reconhecimento.
Diante disto, existem motivos de alegria e honra pelo reconhecimento, mas jamais se poderá esquecer que esta igreja é dos pobres e para os pobres e que os da classe média e rica que dela também fazem parte, assim só podem fazer porque um dia ela iniciou-se com os pobres, sendo assim mordomos, pobres e ricos, das riquezas que esta igreja tem. Por isto não se pode esquecer de continuar a ter uma vida simples, como Jesus era simples, sem criar estruturas ostensivas de riquezas materiais que depõe contra o evangelho.

sábado, 11 de abril de 2009

Um tributo ao Apóstolo das Crianças

Foi sepultado hoje em Blumenau o chamado Apóstolo das Crianças. Trata-se do Pr. Woldemar Kinas, homem a quem devemos o exemplo de dedicação abnegada à causa de crianças menos favorecidas e em situação de risco. Foi ele que formatou e incentivou o que nossas igrejas fazem hoje em termos de Ação Social, quando nem se falava sobre o assunto. Fundou o Lar Betânia, Lar Betel e foi cofundador do Lar Joao 3.16. Nunca deixou de se preocupar e quase que como uma obsessão, buscou por todos os meios, dar sustentabilidade às crianças abrigadas nestas instituições. Ocupou-se até a morte, aos 86 anos, com o idel que defendia. É de sua autoria a famosa frase: "Quem não investe na criança, hipoteca o futuro." Fez desta frase seu ideal de vida e conseguiu contagiar muitos outros com ela, com suas palavras e seu estilo de vida. Sempre muito respeitador, ético, correto e de moral ilibada. O mundo fica mais pobre com sua ausência, porém mais rico com seu legado.
Devo muito a ele naquilo que sou, com seus sábios conselhos, considerações e exemplo. Mesmo com sua idade avançada ligava para mim se preocupando comigo, minha família e a instituição de que sou responsável. Minha alma sente falta dele, porém meu estilo de trabalho tem muitas marcas deixadas por ele.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Deixar-se presentear pela graça

A forma que temos para viver em liberdade é reconhecer a atuação da graça de Deus sobre nossas vidas. E refirme-se sempre: graça totalmente gratuita. Esta liberdade nos livra do medo e da ansiedade, pois passamos a confiar no cuidado de Deus.

Deixar-se presentear pela graça nesta páscoa, é aceitar deixar-se perdoar, confiar, ser curado/a e ter esperança de que a ressurreição de Cristo não foi vã, mas é a prova de nossa vivificação.

Transcrevo abaixo uma pérola do Fernando Albano num de nossos devocionais sobre este assunto:
"Geralmente as pessoas têm senso de reivindicação. Isto ocorre por pensarem que possuem méritos. Assim, onde houver méritos haverá reivindicação. Contudo, no Reino isto não se aplica, pois somos pecadores diante de Deus e, portanto, a base de nossa relação com Ele encontra-se na Sua graça. Definitivamente não há lugar para o mérito humano no Reino de Deus. Portanto, todos os que são alvos da graça de Deus acabam desenvolvendo uma capacidade curiosa, a saber: são capazes de se deixar presentear. Somente estes são justificados por Deus porque aceitam ser aceitos, se permitem embalar nos braços do amor e do perdão. Para os filhos de Deus, cônscios da graça do Pai, tudo é presente, é dádiva. Não há reivindicação, nem ostentação de méritos, mas somente gratidão e ação de graças."

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9).